Extinção de animais gigantes alterou solo da Floresta Amazônica
13 de agosto de 2013 – Atualizado em 13/08/2013 – 12:00am
Da Redação
Vastas áreas da Amazônia estão crescendo mais lentamente do que há milhares de anos devido à falta de fertilizantes no solo, materiais que eram fornecidos pela chamada megafauna – conjunto de grandes mamíferos que foram extintos com a chegada do homem ao local.
Um estudo de como os nutrientes do solo são distribuídos na Bacia Amazônica revelou que há uma escassez de minerais vitais, tais como fósforo, pois grandes mamíferos já não percorrem a região para fertilizar o solo com seu esterco.
Cientistas acreditam que a extinção de grandes herbívoros – como a preguiça de cinco toneladas e o gliptodonte, parecido com um tatu do tamanho de um carro pequeno – levou a um sério desequilíbrio de minerais no solo cujo impacto é sentido até hoje.
– A Amazônia oriental, em particular, é limitada em fósforo, o que significa que se fosse adicionado o mineral na região, as árvores cresceriam mais rápido – afirmou Christopher Doughty, da Universidade de Oxford, autor do estudo.
Os minerais são levados do alto dos Andes pelo Rio Amazonas e seus afluentes, mas os elementos tendem a permanecer no solo das planícies de inundação em vez de se dispersarem de forma ampla.
Isto não era o que ocorria há dezenas de milhares de anos, quando gerações após gerações da megafauna eram alimentadas com plantas em áreas de planícies de inundação e depois seguiam para áreas mais altas, onde fertilizavam o solo com seus excrementos e cadáveres, dizem os cientistas.
O estudo, publicado na revista Nature Geoscience , calcula que 98% da dispersão de nutrientes foram perdidos desde a extinção da megafauna, o que aconteceu na mesma época em que os humanos colonizaram o Norte da América do Sul.
– Mesmo que 12 mil anos seja uma escala de tempo que vai além da nossa compreensão, este estudo mostra que as extinções da época afetam a saúde do planeta até hoje – afirmou Doughty. – Simplificando, quanto maior o animal, maior será o seu papel na distribuição de nutrientes que enriquecem o ambiente.
Segundo o pesquisador, o desmatamento da Amazônia está dificultando a dispersão ainda mais porque, apesar de a atividade humana levar mais fertilizantes ao solo, eles ficam concentrados devido às práticas agrícolas.
Fonte: O Globo