Você sabia que o leite é o alimento mais consumido no mundo?
16 de junho de 2017 – Atualizado em 16/06/2017 – 12:00am
Por Roberta Machado
Em 1º de junho se comemora o Dia Mundial do Leite, o alimento mais consumido do mundo. A diversidade e o notável valor nutricional do leite permitem que ele seja processado e consumido em todas as culturas de diversas maneiras, seja no seu estado líquido original, em pó ou na forma de derivados como o queijo, o iogurte e a manteiga. Nesta data, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) destaca a importância desse produto de origem animal para a sociedade, e enfatiza o papel do médico veterinário e do zootecnista para a produção desse alimento.
A data comemorativa foi definida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) como uma forma de reconhecer a importante contribuição do setor leiteiro para a sustentabilidade, o desenvolvimento econômico, o sustento e a nutrição mundiais.
De acordo com a organização, a produção mundial de leite cresceu em mais de 500 toneladas nas últimas três décadas, atingindo a marca de 769 milhões de toneladas anuais em 2013 – e o Brasil é um dos grandes atores nesse processo. Ainda segundo os dados da FAO, o país é um dos dez maiores produtores de leite do mundo, e é responsável por cerca de 5% da produção global.
A Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE mostra que a produção primária de leite brasileiro cresceu cinco vezes desde a década de 1970, saltando do patamar de 7 bilhões de litros produzidos por ano para 35 bilhões de litros anuais. Já o rebanho de vacas ordenhadas no Brasil tem diminuído, demonstrando que a produtividade de leite por animal continua em crescimento. Se há quatro décadas uma vaca brasileira produzia cerca de 655 litros por ano, hoje cada uma gera uma média de 1,6 mil litros no mesmo período.
Essa evolução se deu graças ao trabalho de profissionais como o médico veterinário e o zootecnista, que, juntos, trabalham para garantir a produtividade, o bem-estar e a sustentabilidade da produção de leite no país. O zootecnista atua coordenando os sistemas de produção, além de atuar no melhoramento genético e na nutrição dos animais.
Já o médico veterinário está presente também no restante da cadeia produtiva, cuidando da saúde dos animais e trabalhando pela inocuidade dos alimentos até o momento em ele chega ao consumidor. “O médico veterinário tem papel decisivo na criação dos animais, nas análises, nos programas de biosseguridade, e na inspeção do alimento. Toda empresa que produza, manipule, transforme ou embale o leite precisa ser inspecionada e acompanhada por um médico veterinário”, resume o médico veterinário e integrante da Comissão Nacional de Alimentos do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNAL/CFMV) Ricardo Calil.
Bem-estar
É o médico veterinário que atua na prevenção de problemas sanitários que podem afetar a qualidade do leite, determina o tratamento ideal no caso da transmissão de uma doença em um rebanho, pode apontar as melhores soluções para problemas de performance dos animais, é habilitado para prescrever medicamentos e é capacitado para agir em uma situação de emergência ou que exija o procedimento da eutanásia.
“Quando você tem um médico veterinário acompanhando e orientando a produção, você tem boas práticas de manejo. O bem-estar é consequência”, aponta Calil.
Essas ações estão enumeradas no Guia de Bem-estar Animal na Produção de Leite da Federação Internacional de Laticínios (IDF, na sigla em inglês), que lista as medidas que devem ser tomadas para assegurar que os animais tenham suas necessidades atendidas no processo de produção. “Médicos veterinários são profissionais capacitados para atuar na saúde animal, e as suas recomendações devem ser consideradas em todos os aspectos do manejo animal. Permitir que pessoas não-qualificadas tratem os animais pode resultar em diagnósticos e tratamentos incorretos”, esclarece o guia.
O guia também ressalta a importância das Cinco Liberdades animais, e identifica cinco áreas principais que devem ser consideradas na implementação de sistemas de qualidade que visam o bem-estar animal. São elas: a nutrição e a água; as condições ambientais; as práticas de pecuária; os cuidados com a saúde; e o manejo eficiente e seguro do gado (stockmanship). O documento, produzido com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), pode ser acessado aqui.
Inspeção
Ricardo Calil aponta que a produção leiteira brasileira sofreu um momento de revolução em 2002, com a publicação da Instrução Normativa nº 51 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que aprovou os Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite. Em virtude da dificuldade dos produtores se adequarem aos novos padrões, a norma seria substituída pela IN nº 62.
Essa parte da cadeia de produção do leite também conta com a atuação do médico veterinário, que atua na fiscalização ou como Responsável Técnico das empresas que produzem e processam o alimento. “O médico veterinário assegura que o leite não ofereça perigo para o consumidor, e também trabalha evitando fraudes que tentam ocultar problemas de qualidade do alimento, e que podem afetar a saúde, como a presença de formol ou urina no leite”, exemplifica Marili Gramolini, médica veterinária especialista na área de inspeção higiênico-sanitária de carnes e derivados, e integrante da CNAL.
Gramolini explica que nenhum outro profissional é capaz de assegurar a integridade de um alimento de origem animal desde a fonte até o consumidor. “Se for identificado um sinal de mastite ou pus no leite, o médico veterinário vai para o campo, e ensina o produtor a implementar os programas de qualidade, realizando as provas do leite, higienizando o úbere e os equipamentos, e trabalhando na prevenção”, lista a médica veterinária.
Assessoria de Comunicação do CFMV