Meu cão foi diagnosticado com Leishmaniose Visceral. E agora, Doutor?
1 de setembro de 2019 – Atualizado em 01/09/2019 – 12:00am
A identificação de animais infectados, tanto para fins de controle como para fins de definição de áreas com maior risco de transmissão da doença, é muito importante. Do ponto de vista individual, como medida voltada para o bem-estar do animal, existe a possibilidade de cães infectados serem submetidos a tratamento. Os animais não tratados estarão sujeitos às medidas sanitárias vigentes, conforme consta na nossa nota técnica sobre o tema, confira: https://bit.ly/2SQQ4MC
O tratamento da leishmaniose visceral canina deve ser feito por um médico-veterinário, único profissional autorizado a tratar e acompanhar o animal. Os medicamentos usados devem ser os registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e que não sejam utilizados no tratamento da doença em seres humanos. Atualmente, existe apenas um produto que atende a essas condições e é comercializado no Brasil, que é a base do princípio ativo miltefosina.
O tratamento de cães não configura uma medida de saúde pública para controle da doença. Ele é exclusivamente uma escolha do responsável pelo animal. Dessa forma, é imprescindível que se cumpra o protocolo de tratamento descrito na bula do produto, respeitando a necessidade de reavaliação clínica, laboratorial e parasitológica periódica pelo médico-veterinário. O tratamento não cura definitivamente o animal que pode ter recidivas clínicas, o que o torna mais infectivo para o inseto vetor e, portanto, aumenta o risco de transmissão da doença para os seres humanos e outros animais. Nesse contexto, é necessário em muitos casos realizar mais de um ciclo de tratamento, além de exigir o uso de produtos para repelência do flebotomíneo, inseto transmissor do protozoário que causa a doença. Esse cuidado é essencial para o bem-estar do seu animal, da sua família, dos vizinhos e dos outros animais.
Outro ponto de atenção é o saneamento ambiental: é muito importante manter a limpeza de quintais, terrenos e praças públicas, a fim de alterar as condições do meio que propiciem o estabelecimento de criadouros. Medidas básicas como limpeza urbana, eliminação e destino adequado dos resíduos sólidos orgânicos, eliminação de fonte de umidade, não permanência de animais domésticos dentro de casa, entre outras, contribuem para evitar ou reduzir a proliferação do vetor.
A miltefosina está sujeita a controle especial, feito pelo MAPA, por meio do registro no Sistema Integrado de Produtos e Estabelecimentos Agropecuários (Sipeagro). O manejo do medicamento e do animal com a doença é complexo e exige cuidados especiais. Portanto, procure um médico-veterinário para a segurança de seu animal, da sua família, vizinhos e outros animais.
Confira o Manual de Procedimentos para Vigilância e Controle de Leishmanioses nas Américas (em espanhol): https://bit.ly/2GX9DMe