Agulhas para alívio dos pets
14 de maio de 2014 – Atualizado em 14/05/2014 – 12:00am
Publicado em Correio Braziliense em 11/05/2014
As visitas aos veterinários, hoje em dia, vão além dos tratamentos tradicionais. Os donos de animais domésticos do Distrito Federal têm, cada vez mais, meios alternativos para tratar dos bichos, como a acupuntura e a homeopatia. A técnica milenar chinesa, por exemplo, é aplicada ao pet para ajudá-lo com problemas de ansiedade, dermatite e até doenças mais graves. Em alguns casos, também acelera a recuperação de processos cirúrgicos.
O gato Chico é um dos pacientes a usar o método diferente. A dona dele, a veterinária Ana Catarina Valle, é especializada na aplicação da terapia e conta que tratou o animal, vítima de ansiedade. Segundo ela, os animais de estimação apresentam diversas doenças cujas causas são somáticas. “São problemas de saúde causados por ansiedade, tristeza ou solidão, por exemplo”, explica. A terapia é uma adaptação dos pontos de energia mapeados pela medicina chinesa no corpo humano. “Quando há a doença, a energia fica em desordem. Cada ponto está ligado a um canal de energia. Às vezes, é preciso aumentar o fluxo naquele local. Ou reduzi-lo para provocar o equilíbrio”, acrescenta.
Ana Catarina conta que Chico se tornou mais independente após o tratamento de acupuntura. O que pode ser uma solução para animais que sofrem de ansiedade por separação dos donos – em uma viagem, por exemplo. O problema é mais comum em cachorros, mas também pode ocorrer em gatos. “Ele (o gato Chico) ficava muito carente. Por onde eu fosse na casa, ele me seguia, sempre miando muito. Quando eu saía, ele ficava na porta, esperando. Agora ele está mais tranquilo. Com cães, é mais fácil de perceber o problema, porque ele costuma latir muito quando o dono sai”, afirma.
Aos 12 anos, Tati, uma pequena pinscher, permanece com uma saúde de ferro. A dona do animal, a administradora de empresas Jossela Albuquerque, 44, conta que a cadela ficou doente poucas vezes na vida, exceto por uma displasia leve. O segredo, segundo Jossela, é a acupuntura e a homeopatia. Com o tratamento preventivo, Tati se mantém “jovem”, segundo a dona. “Eu já tive outros cachorros e tratava convencionalmente. Mas os medicamentos sempre tinham efeitos colaterais fortes e, muitas vezes, a resolução de um problema causava outro”, lembra a administradora de empresas.
Com Tati, foi diferente. As poucas vezes em que a cachorra adoeceu, melhorou sem sofrer efeitos colaterais de outros medicamentos. “A Tati não adoece por causa do tratamento, do carinho e da atenção que oferecemos”, relata. Agora, já com mais idade, a pequena sofre de dermatite provocada pela ansiedade, mas Jossela conta que a doença sempre regride e desaparece com algumas sessões de acupuntura.
A empresária Cristiane da Silva Nascimento, 33 anos, ouviu falar da acupuntura para animais e resolveu experimentar. Ela e a família dividem os cuidados com Floquinho, um pequeno shitzu que também sofria de ansiedade. O problema se agravou quando o animal desenvolveu dermatite. “Eu morava em um apartamento, e o Floquinho ficava muito só. Quando saíamos, ele latia muito. Quando ficávamos em casa, ele simplesmente não desgrudava. Então, nós o tratamos”, lembra.
Saiba mais
Técnica milenar
A Organização Mundial da Saúde considera a acupuntura uma terapia complementar que ajuda a potencializar outras formas de tratamentos médicos ou colaboram na recuperação de doentes. A técnica é aplicada, por exemplo, no combate à dor em pacientes que fazem tratamentos agressivos contra o câncer. Embora o tratamento chinês seja milenar, ele não deixou de se desenvolver com o tempo. Hoje, existem especialistas que aplicam eletricidade à agulha.
Arredios no começo
Ana Catarina conta que achou, na acupuntura, um trabalho mais equilibrado. Ela conta que, no início, os animais costumam ficar arredios com as agulhas, mas que logo se acostumam e se tranquilizam. “Eles começam a aceitar melhor o tratamento assim que sentem a melhora. As agulhas não trazem efeito colateral, apenas benefício.”
Segundo ela, o resultado nos animais é visível já na primeira semana. Em casos de problemas de coluna, o animal chega sem andar e sai caminhando do consultório. Em geral, os animais que trato vem encaminhados de outros veterinários, que tentaram a alopatia e não obtiveram resultados”, diz a veterinária.
A reportagem do Correio procurou o Conselho Regional de Medicina Veterinária para falar sobre o uso da terapia, mas a instituição não retornou às ligações da equipe. O Conselho Federal da categoria passou a reconhecer o uso do tratamento em fevereiro.