Presidente da Comissão Nacional de Animais Selvagens alerta para a necessidade de conscientização ambiental diante do aumento do número de queimadas
6 de outubro de 2014 – Atualizado em 06/10/2014 – 12:00am
Os riscos causados pelos incêndios ilegais e a séria ameaça por que passa a biodiversidade no Brasil e no mundo são um grave sinal de alerta que não pode mais passar despercebido pela sociedade. Ao se deparar com estatísticas recentes divulgadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – que aponta um aumento de 65% do número de queimadas no Brasil entre janeiro e setembro de 2014, na comparação com o mesmo período do ano passado – , o presidente da Comissão Nacional de Animais Selvagens, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), o médico veterinário Rogério Lange afirma: “É preciso um intenso trabalho de educação ambiental, a fim de explicar a população que as queimadas ilegais trazem danos não somente ao meio ambiente, mas também aos animais selvagens”. Ele explica que, normalmente, os animais vítimas desse crime ambiental se deparam com dois desfechos: a morte ou a migração para os centros urbanos.
Segundo o Inpe, órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), nos últimos nove meses, foram registrados, via satélite, 114.151 queimadas em todo o território nacional, número que quantifica as ocorrências provocadas não apenas por motivos como o período de estiagem, mas também por motivação ilegal. É o que acontece, por exemplo, no Distrito Federal. Dados divulgados recentemente pelo Corpo de Bombeiros mostram que 70% dos casos no DF são resultado da intervenção humana.
O Médico Veterinário do CFMV explica que, quando as queimadas são naturais de uma região, os animais se adaptam a elas. “O problema é quando os incêndios são ilegais, ocasionados pela ação do homem”, afirma. Ele conta que, surpreendidos por incêndios propositais, os animais, muitas vezes, acabam morrendo incinerados ou fugindo para buscar abrigos em áreas como os centros urbanos. É o que aconteceu, por exemplo, no último dia 23 de setembro, quando uma onça suassuarana foi encontrada por um pedreiro que trabalhava em uma obra em Goiânia (GO). Um dia antes, uma jiboia de 1,3m apareceu na zona rural de Anápolis (GO), a 55 km da capital de Goiás. Em ambos os casos, o Corpo de Bombeiros suspeita que os animais tenham sido “expulsos” de seu habitat natural pelas queimadas.
Diante da atual situação, o Médico Veterinário do CFMV entende que a conscientização coletiva é um dos caminhos contra este crime ambiental. “Para combater essa atividade tão prejudicial ao meio ambiente, é necessário um trabalho intenso de educação ambiental que esclareça (sobre o problema) e sensibilize a sociedade”, defende. Lange enumera alguns animais selvagens considerados as maiores vítimas. “As onças pintadas, os tamanduás, os tatus, os cachorros e os gatos do mato, além de pássaros e cobras de diversas espécies, são os que mais sofrem com as queimadas ilegais, muitas vezes iniciadas antes da colheita manual para facilitar o corte das matas ou para capinar o solo; assim, os animais acabam migrando em busca de abrigo nas cidades”, revela.
As queimadas ilegais também costumam ser iniciadas por gente que objetiva ampliar áreas de pastagem de gado ou para o cultivo agrícola. Outro motivo apontado pelo Corpo de Bombeiros do DF são as pontas de cigarro jogadas na beira de rodovias por motoristas que trafegam pelas estradas.
O que fazer
Caso encontre um animal selvagem em áreas urbanas, avise imediatamente a Polícia Ambiental (190) ou o Corpo de Bombeiros (193) de seu Estado. É o que recomenda o Médico Veterinário. “Nossa orientação é que a pessoa se distancie do animal para não assustá-lo. Um animal nessas condições está acuado e só irá atacar se sentir que corre perigo. Não bata e não tente atingi-lo”, ensina o presidente da Comissão Nacional de Animais Selvagens do CFMV.
Legenda da foto: Número de queimadas no Brasil passa de 114 mil.
Crédito da foto: Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Assessoria de Comunicação do CFMV