Não permita que seu melhor amigo morra de raiva
6 de outubro de 2017 – Atualizado em 06/10/2017 – 12:00am
A população de cães no Brasil ultrapassa os 50 milhões de animais (OIE, 2015). Destes, um percentual considerável encontra-se nas ruas, são os chamados animais errantes – quando, na verdade, errante é o dono ao abandonar o mesmo, esquivando-se da responsabilidade de cuidar.
Outra parte destes cães são semi-domiciliados, ou seja, utilizam-se da casa dos “humanos” somente para se alimentar, se proteger de intempéries ou para dormir, ficando o restante do dia, solto às ruas, representando riscos dos mais diversos possíveis a outros animais e às pessoas, sendo potenciais causadores de acidentes.
Além do envolvimento em casos de acidentes, os cães errantes e semi-domiciliados são exímios veiculadores ou reservatórios de doenças, sejam elas com ou sem potencial zoonótico. Algumas são velhas conhecidas, como o popular calazar (Leishmaniose) – veiculada pelo mosquito-palha ou birigui (Lutzomyia longipalpis) – e a sarna sarcóptica dos cães (escabiose em humanos) – causada pelo Sarcoptes scabiei, além de uma das mais graves, que é a raiva (causada pelo vírus rábico).
A raiva mata cerca de 60 mil pessoas por ano em todo o mundo (OIE, 2017). É um vírus transmitido pela saliva de animais doentes, especialmente os cães. Todavia, felinos domésticos, morcegos, bovinos e equinos, por exemplo, podem também transmitir o vírus. É uma doença que circula em aproximadamente 60% do planeta, especialmente em continentes como Ásia e África, nos quais a doença responde por elevadas taxas de mortalidade humana (95% dos casos do mundo). No globo, mais de 80% dos casos de morte causada pelo vírus da raiva, ocorre em áreas rurais.
Segundo a Organização Internacional de Saúde Animal – OIE (2017) existem três soluções possíveis para evitar casos de raiva em humanos:
– Vacinação em massa de cães em áreas infectadas – a única maneira de interromper permanentemente o ciclo infeccioso da doença entre animais e humanos;
– Vacinação preventiva em humanos que desempenham atividade laboral de risco;
– Administração de soro antirrábico após agressão causada por um animal suspeito de estar infectado.
A vacinação de cães e gatos, em massa, é o método de escolha vigente, sendo que o mesmo deve ser realizado em épocas estratégicas do ano, sob o risco de sofrer redução no percentual de eficiência contra a referida doença.
Diante disso, a Comissão Regional de Saúde Pública Veterinária (CRSPV) do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Alagoas (CRMV/AL), recomenda algumas medidas preventivas para evitar consequências mais graves na ocorrência desses casos:
– Mantenha em dia a carteira de vacinação do seu animal de estimação;
– Em caso de acidente humano, envolvendo animais suspeitos de serem portadores da doença, dirija-se ao posto de saúde mais próximo para as devidas providências;
– E observe o animal suspeito por dez dias.
* Dr. Andreey Teles – Médico Veterinário – CRMV 00645-AL
Presidente da Comissão Regional de Saúde Pública Veterinária